O que determina historicamente o surgimento do terceiro setor é a demanda que o estado não consegue atender da sociedade. Assim, fundações, entidades beneficentes, fundos comunitários, entidades sem fins lucrativos, ONGs e empreses com responsabilidade social surgiram para suprir a essas necessidades.
Mas o que é o terceiro setor? Em termos práticos, o terceiro setor movimenta, segundo o portal http://www.terceirosetor.org.br/, mais de um trilhão de dólares por ano. Caramba!! É muito dinheiro. Entretanto, o terceiro setor se propõe em sua filosofia promover a prática de valores como cidadania, voluntariado, iniciativas beneficentes, cooperativismo, humanismo, partilha. Em sua essência busca a transformação social.
Dessa forma, em 1998 foi criada a REBRAF – Rede Brasileira de Entidades Assistenciais Filantrópicas. Ela visa, entre outros aspectos, fomentar a discussão sobre valores comuns: Inclusão, bem comum, respeito às diferenças, isenção político-partidária, organização da sociedade civil e empenho total no cumprimento dos deveres como contrapartida essencial da exigência de direitos.
Acompanhamos no último mês de dezembro a 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, mais conhecida como COP-15 e o que se discutiu foi a sustentabilidade global.
Falar de sustentabilidade está na moda, praticar a sustentabilidade é ato de primeira grandeza e as empresas perceberam isso, tanto que as ONGs, entidades sem fins lucrativos, estiveram “presentes” na Conferência. Esse é o momento de profissionais de comunicação, RPs, marketeiros, mostrarem o que realmente se deve fazer para promover a imagem de suas bandeiras defendidas. Mas, plagiando minha colega Lívia Brito... “Muitas empresas promovem ações voltadas à Sustentabilidade, porém o mercado ainda observa esses atos como um modo de posicionar a imagem de “boazinha””.
Então cabe aqui abrirmos um espaço para reflexão: os primeiro, segundo e terceiro setores estão preparados para uma crise como essa que ocorreu no Haiti? E por falar em Haiti, os países foram os primeiros a si posicionarem frente a esse cenário de caos. Todos tentam aparecer para o mundo na medida em que fazem resgates de sobreviventes, como quem está numa gincana e que, quem conseguir pegar mais “corpos” vence a brincadeira.
E as empresas? Aaah, as empresas. Vamos analisar com um olhar bem crítico: Peguemos a cobertura do resgate da enfermeira de 43 anos Jean Baptiste, que ficou 4 dias soterrada. De repente, a emissora de TV Globo, cobrindo o desastre acompanha uma equipe no salvamento dos sobreviventes e acham uma mulher, em que o exército brasileiro consegue salvar. Durante dois dias essa cobertura feita pela TV foi retransmitida diversas vezes pela emissora. Mas qual a finalidade disso, afinal?
Posicionamento de imagem, Responsabilidade Social? Não é só dar comida e medicamentos que vai salvar aquela população. Como diz o ditado: Não é só dar o peixe, mas sim ensinar a pescar.
Enquanto a população se “mata” por alguns quilos de comida e suprimentos, as emissoras brigam para achar a melhor imagem de um resgate, ou uma reportagem exclusiva com algum sobrevivente. Do outro lado está a população dos outros países que acompanham atônitos o desastre naquele país.
9 comentários:
Adoro o tema RS...e acho legal enfatizar a idéia de AÇÃO SOCIAL (ações pontual) e Responsabilidade social...que é mto mais que simples ações.
Já sobre a Rede Globo...gostaria de comentar sobre suas propagandas, como: "Responsabilidade Social a gente vê por aqui"...uma emissora do tamanho da Globo tem a capacidade de dizer que faz RS mas gasta 15mil/l de água pra fazer uma cena de chuva em novelas...
Beijos
Amanda Meyer
www.adoramosfeedback.blogspot.com
Que bacana o seu post Danilo.
Algumas empresas trabalham a sustentabilidade de forma "sustentável",tem as suas fundações e uma participação realmente importante dentro daquilo que defendem. Digamos tb ser uma ação mutualista(de um lado benefícios ao macroambiente, de outro, branding equity por exemplo).
Mas claro, há outras empresas que são só rótulo mesmo. Li esses dias um post interessantíssimo da HSM que fala sobre Branding 3.0(http://migre.me/fVmB)... tb acredito que os consumidores sabem qd a empresa é realmente verde ou só promove ações de fachada.
Quanto a TV, não é o negócio deles TV deixar o sensacionalismo, é o que mais vende... ainda mais agora depois de perderem um pouquinho da audiência para as novas mídias.
Abç
Anamaria (@Anissyma)
Olá meninas,
Obrigado pelos seus comentários, realmente essa realidade está presente em nossa sociedade.
é uma pena que o desastre no Haiti e tantos outros se tornaram, "fonte de renda" para alguns veiculos de comunicação.
Masi uma vez muito obrigado pelos seus comentários e grande abraço!
Danilo, parabéns pelo post!
Infelizmente ainda existem empresas que apenas fazem a RS para passar imagem de boazinha. Contudo já existem também empresas que estão verdadeiramente engajadas e cada dia mais o público percebe isso né? E isso que é importante!
Ju M. Olinto
Olá Danilo,
É incrível porque estava discutindo essa questão do sensacionalismo da TV com outras colegas de comunicação esses dias. Não chegamos a um consenso. Uma das meninas namora um jornalista e talvez por esse motivo tenha uma outra visão do trabalho do jornalista. Respeito a opinião dela.
Mas concordo com vc no que diz respeito à questão responsabilidade social. Qual será o limite entre o trabalho jornalístico (de divulgar uma tragédia e atrair a atenção e ajuda para o local)e o puro capricho de ser o primeiro a noticiar?
Só não entendi a quebra que vc fez no texto começando com terceiro setor e terminando na tragédia haitiana
Oi Maiara!
Se nós analisarmos mais atentamente...Quem mantém as organizações do terceiro setor?
É uma relação muito delicada, pois na realidade, todas essas organizações se constituem em uma grande rede. No Haiti, se mobilizaram as organizações do primeiro, segundo e terceiro setores. Então não acredito que tenha havido uma quebra, mas sim uma interdependência dessas organizações, que se movimentam para promoverem um bem comum: A população haitiana.
Grande abraço!
Oi Danilo,
Acho legal que tu levante a bandeira da Responsabilidade Sócio Ambiental. Também acho importante que os comunicadores passem a apreciar o tema mais de perto.
Mas fiquei confusa com o teu texto, gostaria de te ver explanando, em posts diferentes, sobre os diversos temas que trataste apenas neste post. Acho que temos assunto para muitos dias aí.
Quanto à parte que me toca, eu trabalho na área de Responsabilidade Social Empresarial e te digo que as grandes empresas tratam esse assunto de maneira bastante séria e estratégica, envolvendo uma série de fatores, entre eles a imagem claro. Até pq, falando de consumo, o cliente está cada vez mais exigente neste quesito e a empresa que não fizer esse tipo de investimento estará em grandes apuros...
Abraços,
Oi Vane,
A confusão foi por conta da da diversidade temátia abordada no texto? se sim, foi intencional, porque acredito que vivemos em uma sociedade em rede, então tudo está conectado.
Não questiono a seriedade e o compromisso das empresas que tem na responsabilide social um dos seus pilares. No entanto, é necessário que estejamos atentos para que, mesmo as grandes empresas não utilizesm a RSE de maneira oportunista. E concordo contigo quando dizes que o cliente está cada vez mais exigente, por isso escrevi um texto, mais "polêmico". Também sou consumidor.
Aaah, e obrigado pela tua sugestão de post. Vou amadurecer a ideia.
Grande beijo
Danilo
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