Por Danilo Marinho
Reflexões e devaneios sobre mercado em primeira pessoa
Este cenário globalizado em que vivemos nos impõe a prática de vários saberes. Isso é fato. Domínio de vários idiomas, domínio do pacote Office (que já não é mais suficiente), conhecimentos gerais, são apenas alguns exemplos do quanto de informações temos que carregar conosco para o ingresso no mercado de trabalho.
A oferta de profissões pelas academias e a demanda do próprio mercado são determinantes para a formação do “Profissional do Futuro”. Lembro-me quando me orientaram a fazer um curso de computação porque a oferta de trabalho era grande e não se tinha profissionais suficientes. Mas, ao mesmo tempo queria ser músico, tinha a ingênua pretensão de contribuir com minhas experiências para um mundo melhor.
De repente me vejo cursando Relações Públicas, ou melhor, Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas e, somente depois de quatro anos de curso, percebo que o papel dessa profissão vai muito mais além dos conceitos apreendidos na universidade. Sempre ouvia lamentos de estudantes e profissionais frustrados dizendo que não havia mercado para RP´S. Isso ainda pode ser uma realidade, mas somente ainda.
O Brasil realmente é um país paradoxal, enquanto algumas profissões foram extintas, em decorrência das transformações, avanços tecnológicos e econômicos, outras aparentemente sem função mercadológica surgem para atender demandas da sociedade, como por exemplo, Caciques a pedido das populações indígenas e/ou mães-de-santo e pajés, que passaram a integrar a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) desde 2002 pelo Ministério do Trabalho.
Durante todo o curso aprendi e aprendemos que determinados espaços devem ser ocupados por profissionais que tenham formação em Relações Públicas, mas, quando se está ou se entra no mercado, as coisas mudam completamente. Novas exigências surgem como critério de permanência no mercado. Ou seja, aquele curso de informática que não queria, ou tinha resistência em fazer, agora era extremamente necessário.
Quando falamos em comunicação, falamos de uma infinidade de possibilidades e, que muitas vezes, estão fora do universo comunicacional. Entretanto, inevitavelmente fazemos referência aos veículos de comunicação, como se a comunicação enquanto prática se restringisse apenas as mídias TV, Rádio, Internet, jornal. Mas ao tomarmos essa “prática” como regra, corremos o sério risco de minimizar e reduzir a comunicação a níveis de simplicidade muito fundamentais, pois assim elas ganham um direcionamento mais mecanicista.
Qual a essência das Relações Públicas, se ela se apropria das outras ciências humanas como sociologia, filosofia, antropologia, psicologia, arte, tecnologia para construir seus conceitos? Afirmar que tal profissão é resultante de um processo seria imaturo, mas concordar que é resultado de um conjunto de acontecimentos é reconhecer que tem muito a agregar e aprender.
Ao afirmar que as relações públicas se constituíram tendo como objeto de estudo o indivíduo, automaticamente afirmamos que nas organizações é necessária a presença dessa prática “mais humana”, lançando outro olhar aos velhos modelos de relacionamento e comunicação adotados.
Para isso, sobretudo o profissional de relações públicas precisa sair da sua “bolha comunicativa”, em que nos limitamos apenas a aplicar as práticas de técnicas comunicacionais e vislumbrar novos horizontes, aqueles mesmo que tomamos para si quando começamos a nossa formação, sociologia, filosofia, antropologia, psicologia, arte, tecnologia, tão vigentes como nunca.
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