Por Pedro Sousa
Pedro Souza Pinto é graduado em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas pela UFMG. É um dos criadores do grupo Horizonte RP e atualmente trabalha na Assessoria de Comunicação da Fundação Municipal de Cultura de BH.
Para falar sobre o mercado de RP em Minas temos poucos dados objetivos, tais como pesquisas sobre ocupação de vagas ou médias salariais. Por isso, este texto deve ser tomado mais como minha impressão pessoal, formada pelo contato frequente com profissionais e estudantes, e portanto não deve ser tomado como um retrato exato do mercado por aqui.
Começo pela área acadêmica. Belo Horizonte concentra a maioria dos cursos no estado. Segundo o site do MEC, são 6 faculdades atualmente na cidade: UFMG, Fabrai, Newton Paiva, Uni-BH, UNA e PUC, esta última com turmas em dois campi diferentes. Além delas, há também cursos em Uberlândia (Escola Superior de Comunicação, Marketing e Administração), Conselheiro Lafaiete (Faculdade Veredas), Caratinga (FIC – Faculdades Integradas de Caratinga) e Uberaba (Uniube – Universidade de Uberaba), todas oferecendo o bacharelado.
Observando as grades dos cursos, fica claro que não existe exatamente um acordo sobre a identidade do profissional que será formado. Apesar de terem muitos pontos em comum, cada faculdade dá mais ênfase sobre uma ou outra função (como planejamento, eventos ou comunicação empresarial), e há ofertas de disciplinas em algumas que não existem em outras. Isto obviamente se reflete no perfil do egresso, bem como na maior ou menor facilidade dele ocupar diferentes nichos do mercado.
No interior, o mercado parece ser ainda mal informado sobre o potencial dos recém-formados. É comum que as pequenas empresas, predominantes na região, não possuam uma área de comunicação, ou que esta seja responsabilidade de pessoas nem sempre formadas na área. Isso gera descontentamento por parte dos egressos e, por conseqüência, constantes boatos sobre o fechamento de cursos ou turmas por falta de demanda.
Já em Belo Horizonte, assim como em algumas cidades maiores, tem havido uma abertura crescente para os profissionais formados em comunicação exercerem suas funções. Temos visto o número de vagas crescer, bem como sinais positivos para aqueles que se aventuram como autônomos ou buscam mercados específicos (como o de eventos culturais ou o terceiro setor, para citar exemplos mais comuns).
Mas, para quem acredita que as oportunidades para a profissão estão concentradas no Sudeste do país, aviso que ainda há diferenças bastante significativas de MG especialmente com relação a RJ e SP. Minas não concentra grandes indústrias e sedes de empresas da mesma forma como SP e RJ. Os anúncios de vagas e a movimentação de mercado deixam clara a desproporção da demanda por profissionais da área na região. Além disso, enquanto esses dois estados oferecem diversos cursos, palestras, e grandes eventos que discutem a comunicação empresarial e organizacional, em MG é muito raro termos algo semelhante. Tudo isto gera um cenário interessante: os mineiros têm acesso a muitas oportunidades, mas uma grande parte delas está nos estados vizinhos, para onde vários profissionais acabam se mudando.
Quanto a salários, não é possível dizer um valor ou mesmo uma média com exatidão. Nossa profissão não possui piso, pois não temos em MG um sindicato, que seria o órgão responsável por estabelecê-lo. Em BH, vejo como mais comum para o início de carreira algo em torno de R$ 1.300,00. Uma formação avançada, além da experiência profissional, pode garantir de R$ 5.000,00 a R$ 7.000,00, ou mais em alguns poucos casos.
Além do sindicato, também não existe uma associação específica da profissão em MG. BH já sediou uma seção da ABRP até o começo desta década, mas problemas internos fizeram com que fechasse as portas. O Conrerp 3ª Região possui sua sede em BH, mas sofre dos mesmos problemas que os demais membros do Sistema Conferp: estrutura insuficiente para atender a uma região enorme (MG, BA e ES), baixíssimo número de registrados, baixa credibilidade diante dos profissionais e dificuldade para mobilizá-los. Tudo isso sinaliza algo que eu considero problemático para a profissão aqui em MG, que é o baixo interesse dos profissionais pelo associativismo - seja qual for o seu formato – para promover a formação continuada e o desenvolvimento do mercado.
De um modo geral, o mercado em MG parece estar ampliando sua percepção sobre as habilidades de um profissional de RP. Ainda existem casos que associam a profissão principalmente a estereótipos como “promotor de eventos”, mas isso tem diminuído diante da importância que a comunicação organizacional vem adquirindo. O profissional tem sido mais valorizado e visto como alguém com visão estratégica. Mas é importante dizer que o mercado também tem valorizado a comunicação como um todo, sem preocupações com divisões em habilitações. Portanto, da mesma forma que as oportunidades para RP parecem aumentar, também aumenta a concorrência com os demais comunicadores que demonstram competência para as funções.
Mas creio que as vagas de comunicação hoje ocupadas são apenas a ponta do iceberg. Ainda há muito para se explorar em MG. Os RPs com iniciativa que compreenderem que podem exercer a profissão não importa o tamanho e tipo da organização, ou o nome do cargo, certamente terão uma grande possibilidade de inserção no mercado.
5 comentários:
Parabéns pelo texto!
A realidade ainda é bem semelhante em todo o Brasil. Vale ressaltar que várias empresas públicas abrem ou abrirão vagas em seus concursos.
Boa sorte a todos de MG.
Abraços,
Alexandre Costa
@alexandre_amc
Pedro,
Parabéns pelo mapeamento da profissão em BH. Mais uma vez vc mostra sua habilidade em organizar informações.
beijos
Parabéns! Ótimo texto!
Concordo com sua abordagem e vejo bem este cenário. Após me forma no final de 2008, busquei no inicio cadastrar em alguns sites de emprego, tanto pago como gratuito e nos poucos meses que fiquei cadastra nos pagos, era raro um anuncio de BH ou região metropolitana, mesmo assim, quando tinha, vinha a tal da exigência de experiência na área, no meu caso é pior que não fez nenhum estagio.
Mas, confio na profissão que escolhi e no seu futuro.
Enquanto a minha vez não chega, fico entre estudos e noticias da área para não me perder e ficar para trás.
Mais uma vez, parabéns pelo seu trabalho!
Cleonice Ribeiro
Parabéns Pedro, o seu artigo esclarece bem o cenário de comunicação e RP em Minas além de motivar os que estão ainda de fora do mercado, como eu. Como a Cleonice disse também confio na profissão, e para não ficar sem atuar na área uma boa dica é fazer trabalhos voluntários, que permitem ganhar experiência e criar uma rede de relacionamentos que no futuro possam te indicar para algo na área! Abraços!!
Renata Arruda
www.twitter.com/RRenataarrudas
http://valorrp.blogspot.com
rrenataarruda@hotmail.com
Olá!!!
Adorei, o texto!! Prabéns!!
Acredito que é preciso trabalhar a formação do profissional. Sendo ele bom, as batalhas aumentam e as dificuldades diminuem.
Beijos, Jéssica
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