quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estágio - Bom para quem, afinal?

Por Marcia Ceschini




Quero começar esse artigo dizendo que sou a favor do estágio. Mas a favor do estágio onde o graduando tem os primeiros contatos práticos de toda teoria que engole e assimila durante os anos da faculdade.

A favor do estágio em que o graduando tem acompanhamento de um profissional da área, um estágio em que ele realmente aprende a praticar sua futura profissão

Não sou a favor do fenômeno “estagiarização” que temos vistos nas contratações. Todo dia no twitter, dou RT* nas vagas de perfis que eu sigo, a maioria para estágio. Temos visto pouquíssimas vagas pedindo profissional ou recém-formado. É estagiário para todas as áreas, não só em comunicação.

Esse tipo de estágio em que o graduando é jogado a assumir funções e responsabilidades não é estágio, é contratação disfarçada de “emprego sem encargos”. Estou generalizando. É claro que existem empresas sérias que buscam trainees e os preparam para ocupar efetivamente o cargo.

Junto ao fenônemo da “estagiarização” vemos o descarte de profissionais mais velhos, com boa experiência, mas que o mercado simplesmente determina que devam ser trocados por profissionais mais jovens. E vejam, nem sempre o problema é que o profissional parou no tempo, pois a maioria hoje tem pós graduação e investe constantemente em atualização.

Todo esse abre para dizer que o motivo é um só: custo. As empresas querem ter o melhor serviço pagando pouco e pagando mal. Isso não é um carma só para a comunicação, nossa área; em todas as áreas está acontecendo.


Portanto, graduando abra o olho, vá em busca de empresas que lhe acrescentem algo na profissão, mesmo que seja um estágio não remunerado. Se você se empenhar, é certeza que a empresa não irá dispensá-lo. Afinal, como diz a gerente da Foco Talentos, Renata Schmidt: "O candidato tem de entender se a empresa realmente interessa a ele e tem de ser ele mesmo.", no artigo "Trainee – as empresas procuram profissionais que tenham os mesmos valores”.


No mais, bem vindo ao mercado.

14 comentários:

Amanda Meyer disse...

Marcia muito pertinente seus post, faço estágio em uma empresa pública e não posso negar que aprendo muito lá...porém a remuneração é ruim.

Estagiário não tem vinculo empregatício então não precisa ganhar benefícios, nem 13°, nem PPR, nem abono...nem hora extra...Então pq contratar um profissional se pode ter 2 estagiários que custam bem menos???

Beijos
Amanda Meyer

www.adoramosfeedback.blogspot.com

Marcia Ceschini disse...

Oi Amanda, pela nova lei do estágio o estagiário tem mais direitos sim. Inclusive de férias nos períodos de férias escolares.
Consulte o site da Central de Estágios para maiores informações.
beijos

Plataforma RP disse...

Márcia, parabéns pelo post, muito pertinente.

Estou fazendo estágio em uma associação de classe, o problema que eu só sirvo pra atualizar cadastro, mandar e-mails pra diretoria e sentar nas reuniões pra anotar as decisões. Mas por exemplo, falar com a imprensa eu não posso. Ou seja, estou aqui a 2 meses e adivinha quanto tempo mais quero permanecer?

Claro, já estou atrás de outra coisa.

Ju M. Olinto

Fabio Procópio disse...

Concordo com você Márcia.. essa maquiagem que muitas empresas tem usado contratando estagiários, nada mais é focado no quesito orçamento. Por outro lado, cada dia mais estão procurando profissionais no mercado recém-formados, porém com experiências...Impossível né??
Mas é um debate bem pertinente sim, e vai muito do estudante pesar o que mais vale a pena a ele.

Abraço

Isabella disse...

Concordo com você em genero, número e grau! Estou formando em RP e foram raras as vezes que encontrei estágios que realmente englobavam as atividades da profissão e quando englobavam a remuneração era péssima. Com o tempo me recusei a aceitar entrevistas em estágios de RP, que na verdade eram telemarketing, recepcionista, prospecção de cliente. Nada contra essas profissões mas isso não é RP...amo a profissão e vejo que cada dia mais os novos profissionais e o estudantes não tem para onde correr, se não cargos que não agregam atividades da profissão.

Leonel D'Ávila disse...

Oi Márcia, tudo bem? Parabéns pela ótima postagem. Gostei muito do texto.

Durante minha graduação tive oportunidade de estagiar numa indústria sucroalcooleira, mas pude aproveitar muito pouco desse período, pois, bem pouco do que me era pedido para fazer tinha a ver com RP e meu supervisor era uma Assistente Social responsável pelo setor de RH da empresa.

Mariana disse...

Márcia, excelente abordagem em um assunto tão "dolorido" para nós, estagiários desse Brasil... espero que muitos contratantes vejam este post e conscientizem-se! :)
Parabéns!

Maiara Muritiba disse...

Oi Márcia,
Na verdade esse é um assunto bastaaaante delicado a meu ver. De um lado, temos o fato das empresas encararem o estagiário como mão de obra barata. De outro, temos o estagiário que precisa desse contato com o mercado e muitas vezes não sabe avaliar quando vale a pena ou não.
Bem ou mal, só pelo fato de ter estagiado nessa ou naquela empresa, tendo aprendido ou não, o mercado vÊ o estagiário de maneira mais positiva ou negativa. A questão é: como sair dese ciclo?
Afinal de contas, o valor da bolsa e mesmo a existência ou não da mesma não é indicativo de um bom estágio.
Além disso, será realmente que o estagiário é sobrecarregado com tarefas que teoricamente não deveria fazer? Será que o fato de ter maiores desafios não é, na verdade, um impulso ao amadurecimento profissional?

Muito bom seu texto e sua discussão sobre o assunto

Marcia Ceschini disse...

Olá pessoal, fico contente que o artigo tenha movimentado vocês. E sim, existem mais coisas que envolvem o estágio e sua efetivação, mas como precisamos pegar um tema por vez, esse foi o começo.
A postura do estagiário como a Maiara bem lembra é muito importante tbm.. mas a maioria passa por ele cumprindo tabela tbm né.
E o pessoal que "sofre"sem poder executar, que tal surpreender o chefe com algumas propostas de RP? Assim será a chance de vcs mostrarem que podem começar a dar conta do recado.
beijos e até a próxima.

A Bordo da Comunicação disse...

Confesso que não vejo a hora de estagiar.
E realmente gostaria de aprender bastante com o estágio e não ficar somente na parte operacional.
Temos que saber dosar, acredito que nós aprendemos demais com os estágios, mas também a experiência conta demais ao meu ver.
Mas o mercado de trabalho é justo com quem??
Temos que nos adaptar e fazer de tudo para termos um destaque.

Abraços.
Belle
@blogabordo

J Estel Santiago disse...

Olá, Marcia.
Parabéns pelo texto!

Já disseram isso, mas cabe reforçar: o graduando tem que ter atenção para a descrição da atividade, na entrevista conversar com o futuro (ou não) supervisor do estágio, etc, para ver se o entendimento de RP e as atividades propostas se alinham de fato ao exercer profissional das RPs. Ainda é meio confuso (estou sendo bonzinho) o entendimento de RPs para empresas. Eu já tive que dispensar tanto "estágio em RP" que na verdade era atendente de telemkt....

Uma coisa que não se comentou, é que existe um céu de baunilha de graduandos querendo ser a última bolacha do pacote logo de cara. Não, isso não acontece logo de no primeiro estag., o crescimento profissional se dá conforme a execução (excelente) das ações simples, sim? E o aprendizado é (ou deveria ser) constante.

Ufa, falei demais. Por ora, chega! Ihihi

Thaís Souza disse...

Muito bom o post!

Comecei a estagiar no primeiro ano da faculdade, e no inicio meus trabalhos não eram muito voltados para aquilo que um RP faz. Mas meu gestor me deu espaço e hoje desenvolvo projetos que estão inteiramente ligados com meu curso.
Por ser uma empresa de pequeno porte, estou conseguindo (juntamente com meu gestor) desenvolver esses projetos, já que eles ainda não existiam por lá. Estou feliz e realizada. Apesar de não ganhar muito bem, aprendo bastante e tenho certeza que isso me ajudará nos meus próximos trabalhos!
Não desistam de um estágio só porque o salário não é bom, ou porque a empresa não é tão conhecida. Para nós, ainda estudantes, o que mais importa agora é o aprendizado (a famosa, experiência).

Renata Arruda disse...

Márcia, o assunto tratado no post realmente é uma realidade que eu vivi durante toda a minha vida acadêmica.

Estagiei durante dois anos no setor de RH da prefeitura de Sabará, e as minhas funções eram a de um funcionário concursado, além de passar longe das atividades de RP, e quando eu tentei mudar de setor para trabalhar na área de comunicação, me colocaram para enviar cartões de aniversário..resultado, voltei para o RH. Durante esses dois anos procurei estágios que estivessem relacionados a área, mas só o que encontrei foram estágios para recepcionista, telemarketing, entre outros diversos sempre disfarçados de estágios e RP.

É revoltante, a estagiarização, vem cada vez mais tomando espaço e em vez de aproximar está distanciando o estagiário de aperfeiçoar na prática a sua profissão. Principalmente para o estagiário que precisa da bolsa de estágio para se manter na faculdade.

Parabéns pelo post!

Abraços,

Renata Arruda
http://valorrp.blogspot.com/
@RRenataarrudas

Kelly Fusteros disse...

Olá Marcia

Parabéns pelo post.

Realmente as empresas não entendem as atividades de RP e contratam estagiários para tudo menos funções de RP.

Agora o estudante não sabe pra onde correr: a Faculdade exige que o estudante tenha horas de estágio para poder pegar o diploma; as empresas oferecem vagas de tudo menos de RP; e o valor da remuneração é tão RUIM que o estudante não consegue nem pagar metade de uma prestação da faculdade. (Que é o meu caso- não posso aceitar qualquer estágio pois não terei como pagar a Facu - não tenho bolsa e não posso pedir para o papai!!!)

Enfim se corre o bicho pega e se ficar o bicho come!!

Abraços.