sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Relações Públicas e Web 2.0

Para dar o "ponta pé" nas postagens aqui no A Bordo da Comunicação, com o novo layout, a Professora Stella Wilderom aceitou o nosso convite para falar sobre RP e Web 2.0. Stella Wilderom é formada em Comunicação Social - Relações Públicas pela Universidade de São Paulo (USP), com curso de extensão em docência e pesquisa. Possui colocação máxima nos prêmios da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP) e Intercom Brasil e Mercosul. Trabalhou em Marketing e Comunicação Corporativa em empresas privadas, como Grupo Telefônica, a General Motors do Brasil e instituições públicas como a USP. Atuou como consultora sênior em empresas como Banco Safra, Omint e BASF. Participou de projetos na área de comunicação como a nova Intranet do Banco HSBC do Brasil (premiada como uma das melhores intranets de 2008 segundo o Nielsen), além da implantação global de Comunidades de Prática na Gerdau. Como gerente de comunicação da Amana-Key focou gestão de Relações Públicas, branding e ações estratégicas na web/redes sociais. Atualmente possui uma consultoria na área de comunicação com foco em mídias sociais e leciona na Universidade Metodista de São Paulo no curso de Relações Públicas. Além de conhecimentos em comunicação, possui formação em informática e possui dois livros publicados sobre programação.

Uma combinação necessária para a sobrevivência das organizações

Hoje não temos como negar o impacto que a rede global de computadores, a internet, tem exercido sobre a sociedade. Movimentos sociais, comportamento humano e até a linguagem utilizada pelos usuários do ambiente da web tem gerado profundas mudanças em nosso dia-a-dia:

- Quantas vezes você checa seus e-mails?

- Como você se expressa em 140 caracteres?

- Por que a Empresa X não tem website?

- Cadê a comunidade da Empresa Y no orkut?


· Essa pequena amostra de perguntas nos mostra que é fato que a conexão entre indivíduos e a facilidade de propagação de informações entre eles gerada pela conectividade, é um fenômeno irreversível e, portanto, a sociedade tende a tornar-se cada vez mais mutável por conta desse movimento.

· E aí fica a pergunta: como as empresas ficam nesse contexto? E as relações públicas, onde se encaixam nessa nova onda de mudanças?

· As atuais conjunturas mostram que as empresas devem repensar seu tradicional modelo organizacional de produzir, divulgar, gerenciar sabiamente seus recursos obtendo, dessa forma, resultados. O ato de estar no mercado, vender um produto, divulgá-lo e, dessa forma, garantir sobrevivência no mercado é muito mais complexo nos dias de hoje.

· Para as empresas, o presente momento vem com um desafio: além da capacidade de fazer tudo como sempre se fez a empresa deve, ainda, ser capaz de atuar de forma efetiva e estratégica no relacionamento com as redes sociais e ambientes colaborativos.

· No atual panorama de interatividade e colaboração das redes sociais, os consumidores e usuários de informações sentem-se cada vez mais à vontade para opinar e discutir sobre mídias, produtos e serviços. Essa liberdade, embora benéfica para os públicos, pode se converter em uma ferramenta que dificulta a consolidação de uma imagem institucional para uma organização.

· O exemplo abaixo mostra algumas comunidades da rede de relacionamentos Orkut. Somados todos os participantes existentes em todas chegamos a um surpreendente número de mais de 1 milhão de usuários.

Nesses espaços se observa desde adoração de marcas (Coca-cola e Batatas Ruffles), incentivo a ações sociais (Direitos do Consumidor e Doação de Órgãos) até questionamento acerca de qualidade e ética de marcas e seus produtos (Editora Abril e Revista Veja).

Os fenômenos de interatividade fazem hoje com que as empresas tenham que se preocupar em contar com estratégias de comunicação e relacionamento com públicos que contemplem as ferramentas colaborativas da web como blogs e redes sociais.

Tim O´Reilly (2004), um dos grandes estudiosos da internet em sua fase de colaboração, afirma que o valor competitivo das empresas nesta nova era da internet residirá em sua habilidade de entender que os usuários adicionam valor às informações e serviços que elas provêm, e que elas deverão de encorajá-los que o façam.

Nesse âmbito, falar de estratégia, relacionamento entre públicos e comunicação traz à tona a importância das relações públicas para esse cenário, principalmente no tocante à questão de criação de comunicação de via de mão dupla.

Muito antes da internet tomar as proporções que possui hoje, os autores no campo das relações públicas já afirmavam a necessidade de se criar uma e incentivar a comunicação bilateral. Kunsch (2003, p. 104) relembrava que as organizações tem um papel que transcende as relações de capital ao afirmar que “como partes integrantes do sistema social global, as organizações têm a obrigações e compromissos que ultrapassam os limites dos objetivos econômicos e com relação aos quais têm de se posicionar institucionalmente, assumindo sua missão e dela prestando contas à sociedade”.

O ato de “prestar contas à sociedade” materializa-se quando a organização – ciente da necessidade latente dos públicos de estar cada vez mais interagindo com ela – adota uma postura classificada por Grunig (1984) como simétrica de duas mãos, pautada em compreensão mútua, efeito equilibrado entre lados que estão se comunicando e principalmente um viés de troca, que é plenamente alinhado ao contexto de redes sociais que encontramos atualmente.

Uma vez que o fenômeno de interação e troca de informações só tenderá a aumentar, cabe às organizações fazer uso racional de suas ferramentas comunicacionais. As relações públicas, por sua vez, cada vez mais deverão se fazer presentes nesse contexto como forma de contribuir para que as empresas consigam estabelecer relacionamentos estratégicos e salutares com seus públicos, gerando resultados satisfatórios para ambas as partes.

Referências Bibliográficas
GRUNIG, James E. Managing Public Relations. Fort Worth: Harcourt, Brace Jovanovich College Publishers, c1984.
KUNSCH, Margarida M. K. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo, Summus, 2003, p. 89-147.
O´REILLY, Tim. Open Source Paradigm Shift. Maio, 2004. Disponível em: . Acesso 20 de junho de 2009.


Para quem tem mais interesse em entender o novo contexto de negócios, comunicação e internet, fica como dica de leitura o livro Wikinomics de Don Tapscott que fala sobre o novo contexto de mercado, negócios, comunicação e sociedade com o advento das ferramentas de colaboração e interação da internet.
TAPSCOTT, Don. Wikinomics: Como a Colaboração em Massa Pode Mudar o Seu Negócio. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2007.

4 comentários:

Ocappuccino.com disse...

algumas empresas já monitorando as redes sociais, terça passada eu estava com dificuldade de acessar o Cpanel da LOCAWEB (a empresa ond registramos o domino do nosso blog) e twittei reclamando dos serviços deles, em menos de 10 minutos eu ja tinha recebido uma resposta da LOCAWEB através do twitter

Massimino Delazeri
www.ocappuccino.com

Cibele Silva disse...

A senhora mesmo já nos deu muitos exemplos de empresas que estão crescendo com a interatividade nas mídias sociais.

Mas algo interessante sobre - "Por que a Empresa X não tem website?" - quarta-feira fizemos a primeira visita ao nosso cliente do Projeto Integrado (PI)deste semestre. Quando fiz a pergunta "Vocês tem site?" - o administrador respondeu que não, e eu já tinha desenvolvido várias perguntas sobre o "tal site" - todas olharam para ele com a mesma cara (acho que todas pensaram - "como não"?), eu olhei, dei uma pausa, pulei todas as perguntas q pensava q ia fazer e continuamos.

Mas achei muito interessante a reação do grupo, por um empresa não ter site.

Claro, será a nossa proposta, vamos tentar desenvolver um site para o cliente. rs

Abraços,
Cibele
(A Bordo)

Aline Derenzi disse...

A Professora Stella sempre pronta para nós apoiar.
O post demonstra a importância da Web 2.0 na relação da organização com seus públicos. Os consumidores estão cada vez mais recorrendo as redes socias para colocar seus pontos de vista sobre a empresa tal e é preciso monitorar esses tipos de interação e nós profissionais temos que estar prontos para ajudar!

Abraços,

A Bordo da Comunicação disse...

Gostaria de agradecer a participação da professora Stella e dizer que adorei o post, realmente hoje a interação com as redes sociais é fundamental - citei isso outro dia em um post meu até...

Abraço
Daniele Pedace
(A Bordo)