domingo, 18 de outubro de 2009

O valor das Relações Públicas [parte 1]

Por Cibele Silva

Percebemos que o profissional de Relações Públicas tem um caráter estratégico nas organizações, com a função básica de criar e manter um bom relacionamento com seus públicos e alinhar a comunicação em prol dos objetivos da organização. Porém, em contato com o mercado de trabalho, percebemos que algumas empresas não têm essa visão tão abrangente do profissional.

Por isso, o semestre passado realizamos uma pesquisa com 50 profissionais de Relações Públicas atuantes no mercado e formados há mais de dois anos. Com estes 50 profissionais obtivemos resultados que agregam a profissão, mas infelizmente percebemos o quanto a regulamentação da profissão não é apreciada e também outros números que ainda temos muito que trabalhar para que a profissão seja mais valorizada, assunto que abordarei no próximo post.

Através da análise realizada podemos concluir que a profissão vem ganhando espaço e importância dentro das organizações e da sociedade, como um articulador e mediador dos diversos grupos sociais. Por ser baseada em uma ciência nova, a profissão está em fase de desenvolvimento, pois ainda há a necessidade de modificações tanto nas atividades, como no conceito. Isso foi claramente demonstrado nas divergências existentes na regulamentação.

Apesar das atividades de Relações Públicas no Brasil terem seu início nas multinacionais, representando os interesses do comércio industrial, atualmente percebemos que apenas 19% dos profissionais entrevistados atuam neste segmento, sendo que a maioria, 25%, atua em Agências e Assessorias de Comunicação. A profissão alcançou diversos tipos de organização e, nos dias de hoje, encontra-se profissionais habilitados nas áreas de comércio/serviço, órgão de comunicação, governamental, educação e associações/fundações e ONGs.

Esses números demonstram como a profissão está conseguindo penetrar em diversos setores da sociedade. Isso porque a sociedade está passando por diversas mudanças nas últimas décadas e as organizações precisam se adaptar para conseguirem sobreviver com uma nova forma de interação com seus públicos de interesse.

Nos dias de hoje, as pessoas têm acesso à informação com muita mais facilidade do que alguns anos. A televisão, o rádio e as mídias impressas tiveram de dividir sua atenção com a internet. Por exemplo, caso uma empresa venda produtos que não atendam as necessidades de seus consumidores, prejudique a comunidade em que está localizada, ou cometa algum crime ambiental, qualquer pessoa pode fazer uma comunidade no twitter, orkut ou um blog denunciando as ações e ter milhares de acessos, influenciando assim outras pessoas e prejudicando enormemente a imagem da empresa.

As informações veiculadas através dessas tecnologias não podem ser controladas pelas organizações, que devem se adaptar a elas e usá-las como termômetro da opinião pública a seu respeito. Essa democratização permite que os diversos públicos tenham um poder de influencia uns sobre os outros e sobre as organizações que não pode ser ignorado, caso a organização queira sobreviver e se desenvolver nessa nova dinâmica social, que demanda transparência e respeito.

6 comentários:

Líviarbítrio. disse...

Regulamentação da profissão, esse é um problema que quase todos os profissonais de comunicação possuem, o que acaba gerando uma miopia aos olhos de uma organização, no que diz respeito às verdadeiras atribuições desses profissionais.

Ainda assim, tal como você mencionou, existe uma aderência das organizações por esses profissionais, oportunizando boas estratégias.

Interação é o sobrenome da internet, e esse fácil acesso à informação deixa o público muito mais próximo das suas marcas favoritas, as quais devem cuidar de sua imagem.

Muito bom post, Belle. ;)
Boa semana aos navegantes.

Ocappuccino.com disse...

Belle, sobre a regulamentação é a fiscalização de quem atua sem ser regsitrado no conselho?

Esses dias estava pensando justamente nisso, no poder de 'voz' e defesa/protesto que a internet possiblitou ao consumidor. Antes o único caminho era procon ou juizados especializamos, agora lançar na rede já traz as vezes mais resultados.

MATEUS

=) disse...

A questão da regulamentação é sempre complexa...de nada adianta nosso diploma ser reconhecido, se o profissional não é?
Acho que aí cabe a questão dos sindicatos, que querendo ou não promovem uma união e um canal de discussão entre os profissionais, o que pode resultar numa maior mobilização, divulgação...da profissão.

Gostei do post, e fiquei impressionada com as porcentagens tão variadas de atuação dos profissionais pesquisados. Isso mostra como RP é um curso dinamico, flexivel...que nos proporciona um leque de oportunidades.

Beijos
AMANDA MEYER

Cibele Silva disse...

Obrigada Livia!

Não Mah, é a regulamentação da profissão mesmo, pagar o CONRERP que eu digo, vou especificar isso no próximo post.

Amanda, que bom que tenha gostado. Os números impressionam mesmo, os percentuais que mais me surpreendem são os do CONRERP, que vou citar no próximo post. Nesta pesquisa eu percebi o quanto as pessoas valorizam a profissão, gostam do que fazem, mas o pessoal não faz muito para a divulgação de RP.


Abraços,
Belle
(A Bordo)

A Bordo da Comunicação disse...

Essa discussão sobre a regulamentação é longa viu...agora ouvi falar (a Bele me disse, rs) que estão querendo modificar o nome de nosso curso...isso é outra mudança que também acho que vai longe, porque temos que tomar cuidado, para que, nessa mudançazinha, agente não saia prejudicado de alguma maneira....

Pelo que parece as organizações estão com cada vez mais consciencia sobre o que é relações públicas, e como ela pode auxiliar na comunicação estratégica da organização, não apenas operacional...

Beijo
Daniele A Bordo

Aline Derenzi disse...

A regulamentação da profissão realmente é um assunto polêmico, eu sinceramente não sei se concordo ou não com ela.

Essa pesquisa que foi realizada nos mostra a diversidade da nossa profissão, podemos atuar em qualquer segmento, pois todos precisam de um pouco de comunicação.

E que as empresas têm que estar presentes nas redes para monitorar e mensuar a voz da opinião pública não é mais segredo.

Post muito claro e objetivo!

Abraços,