terça-feira, 13 de outubro de 2009

Relações Públicas no Brasil - O início

Por Cibele Silva

Hoje vamos começar uma seção chamada ‘Relações Públicas no Brasil’


No livro - Relações Públicas; teoria, contexto e relacionamento - (2009), a professora e coordenadora de Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo Maria Aparecida Ferrari afirma que “Estamos convencidos de que a cultura nacional importa para a prática das relações públicas na medida em que ela é um dos pilares da cultura organizacional e que esta influi nas práticas da comunicação. (...) Uma vez que a cultura nacional deixa marcas na sociedade, significa que os relacionamentos transculturais influenciam na rotina e, portanto, é importante conhecer os impactos que elas causam nas dimensões nacionais e organizacionais”.


Dentro deste contexto temos o intuito de mostrar como a cultura, a visão, o desenvolvimento e a expectativa da profissão de Relações Públicas em diversos estados do Brasil, sendo assim o A Bordo da Comunicação reunirá profissionais de diversos estados para dialogar estes aspectos. O primeiro post será para explicar a profissão no âmbito MERCOSUL e será delimitado para o Brasil e nos próximos os profissionais começaram a postar.


Segundo artigo Percepção dos profissionais de Relações Públicas da Maria Aparecida Ferrari, a profissão de relações públicas obteve avanço na primeira metade do século XX. Com a expansão da prática das relações públicas começaram a surgir em diversos países da América Latina as primeiras associações da profissão que tinham o intuito de congregar e capacitar profissionais que praticavam a atividade, assim como a ABRP - Associação Brasileira de Relações Públicas, no Brasil.


O Brasil é pioneiro na prática das relações públicas frente aos demais países da América Latina por sua história e trajetória. Fábio França (Relações Públicas, 2003) afirma que “ninguém pode contestar o importante papel desempenhado pela ABRP na criação, na consolidação e na institucionalização das relações públicas no Brasil”.

Essas entidades tiveram um papel principal no desenvolvimento da atividade na América Latina, pois ajudaram a consolidar e institucionalizar a atividade mediante a capacitação das práticas locais.


Foi de extrema importância a participação da ABRP na fundação da Federação Interamericana de Associações de Relações Públicas - Fiarp, em 26 de setembro de 1960, durante a I Conferência Interamericana de Relações Públicas, na cidade do México. Foram totalizados quinze países associados na fundação. A ação da Fiarp nas duas décadas seguintes foi dedicada ao processo de institucionalização do ensino universitário para a melhoria do exercício profissional.
Em outubro de 1963, foi definido o conceito básico e universal de relações públicas aprovado pela Fiarp na IV Reunião do conselho diretor, no Rio de Janeiro - “Relações públicas são uma disciplina sócio-técnico-administrativa mediante a qual se analisa e avalia a opinião e a atitude do público e se desenvolve um programa de ação planejado, contínuo e de comunicação recíproca, baseado no interesse da comunidade, destinado a manter uma afinidade e compreensão proveitosa com o público”. Logo em 1985 houve a conversão da Fiarp para Confederação Interamericana de Relações Públicas - Confiarp.


O Brasil tornou-se assim o primeiro país do mundo a adotar legislação específica sobre as relações públicas. Em 11 de dezembro de 1967, o governo criou a Lei no. 5.377, que disciplinou o exercício profissional de relações públicas e no mesmo ano, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo instituiu o primeiro curso superior universitário de Relações Públicas, com duração de quatro anos.


Em 1981, foi criado o primeiro sindicato dos trabalhadores de relações públicas do Rio Grande do Sul, seguido pelo do Rio de Janeiro, em 1984, e o do Estado de São Paulo em 1985.
Assim, o século XX terminou com uma forte influência da globalização e do avanço da tecnologia, que acelerou os processos organizacionais, o que proporcionou o desenvolvimento de ferramentas eletrônicas de comunicação nas empresas, assim como novas áreas de atuação, abrindo novos espaços para os profissionais de relações públicas.


Hoje essas ferramentas continuam a se propagar e cabe aos profissionais e até os estudantes de relações públicas mostrarem a importância da profissão e aqui a partir de hoje vamos descobrir como podemos fazer isso não somente onde atuamos, mas no Brasil.

9 comentários:

Ocappuccino.com disse...

Belle e como foi as relações publicas no período de ditadura militar no Brasil? Neste período houve um forte impulso à profissão, mas por parte da iniciativa privada ou do governo?

MATEUS

Fabio Procópio disse...

Mateus, na verdade a atividade de relações públicas foi muito exercida na época do governo de Getúlio Vargas, a questão dos aparatos de campanha nacional, o ufanismo que era disseminado entre os brasileiros já estava sendo trabalhado como atividades de RP. O exército brasileiro tem até hoje o cargo de relações públicos em qualquer cidade que eles estão alocados...É muito interessante discutir essa parte histórica de RP...Parabéns pelo post !

Cibele Silva disse...

O Fábio já te respondeu Mateus. Para mim também a atividade de RP cresceu na época do GV.
Alías, que bom que tenha gostado do post Fábio.

De qualquer forma vou completar a resposta especificamente.
Com a ditadura militar todas as áreas de comunicação receberam algumas restrições e não foi diferente com o RP, as empresas tinham medo de se expressar publicamente e acabavam contratando militares como porta-vozes, pois os RP's ficavam sob suspeita de estar no comando da ditadura militar. É onde entra a ABRP para reverter esse quadro promovendo o RP internacionalmente.
Deixo como indicação esse artigo do professor Fábio França - http://www2.metodista.br/agenciarp/mercado_texto3.htm

Outra indicação é o livro - Na Trilha da excelência - é a bibliografia de Vera Giangrande, fica claro o impacto da Ditadura na profissão de Relações Públicas.

Espero ter esclarecido sua dúvida.

Abraços,
Belle
(A Bordo)

Ocappuccino.com disse...

Obrigado Fábio e Belle. Estou aqui para instigar vocês e aprender mais hehehehe brincadeira, só nao entendi a parte "pois os RP's ficavam sob suspeita de estar no comando da ditadura militar" ???

MATEUS

A Bordo da Comunicação disse...

Só você mesmo Mateus! rs

Então, as empresas acabavam contratando militares, pois eles desconfiavam dos RP's. Desconfiavam que os profissionais de RP estavam sob comando (sendo controlados) pelos ditadores e 'podiam' denunciar a empresa por alguns atos. Entendeu?

Bjos,
Belle

Ocappuccino.com disse...

Agora sim. obrigado pela paciência. :)

MATEUS

A Bordo da Comunicação disse...

Rs....

Muito legal o post Bele....

E realmente essse livro da Vera Giangrande é muito bom, também recomendo.

E se alguém quiser também saber sobre Comunicação na Ditadura (algo mais abrangente que a Relações Públicas especificas), temos nosso trabalho que apresentamos na Iniciação Científica, neh Bele!?

Beijos,
Daniele A Bordo.

Líviarbítrio. disse...

Que bom poder aprender mais sobre Relações Públicas, o post ficou ótimo, Belle.

Muito boa ideia de seção, ;)
Parabéns.

Beijos.

Cibele Silva disse...

Imagina Mateus, você sabe que as suas perguntas são sempre bem vindas.

Bem lembrado Dani, se alguém se interessar pelo assunto pode pedir por aqui e encaminho nosso trabalho que foi até indicado e apresentado na iniciação científica...

Obrigada Lívia.

Abraços,
Belle
(A Bordo)